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Vale dos Dinossauros, Argentina

Vale dos Dinossauros e "Teto da América"

  • Data da viagem: novembro de 2006
  • Duração: 9 dias
  • Percurso: 4.000Km
  • Veículo: Cherokee Limited 4x4

Roteiro de Viagem

  • Uruguaiana
  • Paraná
  • Santa Fé
  • Córdoba
  • Rio Ceballos
  • Carlos Paz
  • Cruz del Eje
  • Chamical
  • Patquia
  • Parque Provincial de Ischilingasto
  • Parque Nacional de Talampaya
  • Villa Unión
  • Laguna Brava
  • Cuesta de Miranda
  • Chilecito
  • Villa General Belgrano
  • Estâncias Jesuíticas Cordobesas
  • Estância La Paz


Roteiro da viagem

Diario de Bordo

O imprevisível das aventuras se torna uma adição, e ir em busca da natureza e dos desafios que ela nos proporciona é o bálsamo que ameniza a correria que vivemos. Completava um ano de nossa viagem ao Atacama e entusiasmei meus companheiros para conhecermos um dos destinos turísticos mais espetaculares da Argentina: O Vale dos Dinossauros – o Parque Provincial de Ischigualasto ou “Valle de la Luna” na província de San Juan e o Parque Nacional de Talampaya ou “Cañadón del Diablo”, na província de La Rioja. Culminaríamos nossa aventura em plena Cordilheira dos Andes, na Reserva de Laguna Brava.


Valle de La Luna

Encaramos essa empreitada o Conrado e eu. Partimos no feriado de finados em direção de Córdoba. Foi um largo “tirão” até Rio Ceballos, onde pernoitamos. Pretendíamos na segunda etapa dormir já na província de La Rioja, no pequeno vilarejo de Chamical. Havíamos percorrido 1500Km e nosso cansaço foi amenizado pelo trato de uma gente hospitaleira. Como é reconfortante para o viajante o trato simples e amistoso das pessoas do interior. Constatei que por menor que seja o lugar, no interior da Argentina, sempre se encontra uma cabine telefônica para, por preço irrisório, chamar via internacional - um exemplo a ser copiado.


Canyon do Rio Tallampaya

No outro dia, foi duro despertar cedo, ainda tínhamos 120Km até chegarmos ao complexo de Ischigualasto-Talampaya, que é o único lugar do planeta onde se encontra a seqüência completa de sedimentos do período triássico (surgimento dos dinossauros - lá encontraram restos do dinossauro mais antigo). Recorremos os parques com seus guias, que é a única forma de serem visitados. Sua importância geológica, paleontológica e arqueológica os fez merecer o título de Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco em 2000.

Rumamos para o noroeste em direção aos Andes. Queríamos pernoitar em Villa Unión, Província de La Rioja, nossa base, para iniciar a subida da cordilheira e alcançarmos a Reserva dos Flamingos de Laguna Brava, declarada Reserva da Biosfera pela Unesco. Esta etapa era a mais emocionante e desafiadora.

O vilarejo de Villa Unión com cerca de 5000 habitantes e a 1.500msnm é um lugar pacato e talvez pelo clima quase desértico, lá tudo anda devagar. Optamos por descansar na simples mas cálida pousada Runacay. Decorada com bom gosto, era o lugar ideal para entrarmos no clima de aventura, pois seus proprietários, o geólogo Alejandro Tello e sua companheira francesa Chloe Seguin, foram pioneiros em desbravar os lugares mais inóspitos da Cordilheira Riojana.


Laguna Brava, no teto da América

Apesar de exausto, me fixei no ventilador de teto e custei a dormir. Tinha um pouco de receio da altitude. Madrugamos, me sentia bem e a atitude segura de nosso guia dissipou minhas dúvidas. Acertamos que iríamos em minha Cherokee e ele a guiaria. A viagem era de no mínimo 9 horas sobre terrenos pedregosos e íngremes e chegaríamos a 4.600msnm. A temperatura podia cair até 5ºC. Os chamados ventos Zonda, ao cruzarem a cordilheira, vindos do Pacifico, encontram o calor de um clima desértico e formam impressionantes redemoinhos, alcançando a 120Km por hora. Era um desafio, e era o que buscava.


Paisagem lunar a 5000 msnm

Partimos cedo em direção ao sonolento povoado de Vinchina. Atravessamos a única rua do povoado, a ponte sobre o rio Bermejo e desembocamos num labirinto de curvas da Quebrada de La Troya. O caminho é de terra com enormes montanhas de pedra argilosa nos costados. À medida que subíamos, a cor do céu e das montanhas era mais intensa. O próximo vilarejo, Alto Jaguel, era o último vestígio de civilização antes de adentrarmos na imensidão da Cordilheira. Lá, a rua principal – que no verão se transforma num verdadeiro rio pela água dos degelos – é uma barranca de 1,5 metros de altura, sobre os quais se assenta o casario (casas de adobe com pequenas portas e janelas de madeira). Pagamos ao guarda o direito de transitar pela reserva e a partir daí continuamos através da Quebrada de San Domingo entre montanhas multi-coloridas. Estávamos nos primeiros dias de novembro mas já se fazia sentir o rigor do clima da Cordilheira. Chegamos com 21ºC e logo caiu para 5ºC. O vento era assustador, tanto que nosso guia avisou do cuidado ao abrirmos as portas, pois poderiam ser arrancadas. Coloquei meu gorro que me cobriria até o pescoço e foi difícil tirar uma foto com meu chapéu Indiana Jones. A Reserva de vicunhas e flamingos de Laguna Brava é um paraíso escondido no alto da Cordilheira Riojana. O silêncio, a quietude do lugar e a imagem da laguna branca cheia de flamingos cor de rosa e os picos nevados dos vulcões mais altos do mundo, Pissis (6.882msnm) e Bonete (6.759msnm), ao fundo, a dar-nos as boas vindas, valeu o risco que corremos.


Laguna Brava - Raul com Alejandro e Clhoé, nossos competentes guias

Dicas de viagem

Onde Parar

  • Villa Union: La Rioja
  • Posada: Hostel Runacay, simples mas de muito bom gosto. Guias experientes. Falar com Alejandro ou Clhoé.

Atrações

Agência de Turismo Runacay Servicios Turísticos: frente à praça.
  • Excursões a Laguna Brava.
  • Talampaya
  • Valle de La Luna
  • Cratera Corona Del Inca (5.500msnm)
  • Guias
  • Travessias em 4x4.
  • English spoken / On parle français
  • Email: info@runacay.com
  • Web site: www.runacay.com

Curiosidades

  • Parque Nacional de Talampaya
    Os paredões de arenito do Canyon do Rio Talampaya, em tons marrons avermelhados tem 160m de altura. Essa paisagem árida, uma das mais famosas e fotografadas da Argentina, ocupa uns 215 mil hectares na província de La Rioja. Lá foram descobertos esqueletos fósseis de alguns dos primeiros animais a caminharem sobra a terra, há cerca de 250 milhões de anos, incluindo dinossauros e tartarugas. Talampaya no idioma quéchua significa “Rio Seco del Tala”.
  • Parque Provincial de Ischigualasto
    Valor científico: Junto com Talampaya formam o único lugar do planeta onde se encontra seqüência completa de sedimentos continentais do período Triássico da era Mesozóica. No final desta era, há 70 milhões de anos, aconteceu a extinção, deixando a hegemonia na terra aos mamíferos. Lá encontraram uma grande variedade de fósseis, entre os quais podemos citar o Eoraptor Lunensis, considerado o dinossauro mais primitivo do mundo. Posteriormente aos tempos triássicos, a área foi cobrindo-se lentamente de novas capas de rochas até que a aproximadamente 65 milhões de anos um choque de placas provocou uma forte pressão que provocou, entre outras coisas o nascimento da Cordilheira dos Andes.
  • Laguna Brava
    A reserva de Laguna Brava foi criada em 1980 para preservar as comunidades de vicunhas, guanacos e flamingos, que estavam a ponto de desaparecer pela caça furtiva. Tem uma extensão de 4050Km e abarca uma serie de lagoas formadas pelo degelo. A mais importante é a Laguna Brava, com 17Km de extensão e 4Km de largura. É de uma cor azul safira com bordes brancos formados pela quantidade de sal.
  • Cuesta de Miranda
    No retorno, ir em direção de Chilecito, passando por Cuesta de Miranda, reconhecida como das mais belas vistas da Argentina.