Não havia decorrido um mes de meu retorno da África e enfrentei turbulências para explicar uma viagem para acompanhar a final da Copa de Clubes no outro lado do mundo. Senti que seria uma oportunidade impar, pois jamais me passou pela cabeça visitar os Emirados.
Com relação ao serviço de bordo, faz jus à fama da Emirates. Saboreando salmão cru com frutas, cordeirinho mamão acompanhado de salsa de cogumelos e um vinho Shiraz Cabernet Australiano conseguimos embalar um bom sono. No outro dia para diminuir os efeitos do jet-lag, uma soneca de cinco horas e um banho de imersão. Neste momento, no lounge do hotel Ibis Al Riqqa nos organizamos para entrar em sintonia com a magia de uma final de Copa do Mundo de clubes.
Uma noite para esquecer. A incompetência do time frustrou 10.000 torcedores apaixonados que cruzaram o mundo para torcer pelo seu time do coração. Poucos times no Brasil poderiam arregimentar tanta gente para a outra face do planeta como fez a torcida do Inter. O esporte é assim mesmo: se ganha e se perde. Venceu o esporte, venceu a solidadriedade humana, venceu o povo árabe que nos recebeu com tanto carinho e torceu junto conosco.
A confraternização com os africanos, a organização do evento, o clima saudavel da competição nos deixa a lição de que o esporte é uma arma quase insuperável para quebrar barreiras religiosas, ideológicas e políticas. Aconteceram momentos inesquecíveis de companheiros nossos de Nova Prata, após a decepcionante derrota, ofereceram sua camisa e sua bandeira para os torcedores árabes que se solidarizaram conosco. Como escrevi no blog que o petroleo jorraria vermelho no deserto. Infelizmente tive que voltar atrás. O petróleo voltaria a jorrar preto, agora com as cores do Mazembe, do Gongo, que rezavam embaixo da goleira, após o apito final, como não acreditando em sua façanha. Não me arrependo da decisão que tomei pois a confraternização, apesar da derrota, foi muito bonita.
Por hoje é só. Saudações coloradas e segue as fotos com o grupo de Porto Alegre (os conselheiros Dorocy Pereira rotariano de Porto Alegre, seu filho Rogério – Diretor da Rial Imobiliária e Otavio Rojas e Andreia, criadores do projeto Criança Colorada, que acaba de festejar 10 anos de sucesso). Hoje à noite nos deliciaremos com comida Iraniana.
Em meus 42 anos de andanças pelo mundo, estive em lugares de extremo luxo e bom gosto, como alguns setores de Miami, com suas Marinas, Fort Lauderdale e West Palm Beach, reduto de polistas e lugar de veraneio dos Kennedy, mas creio que o bairro de Dubai Marina supera a tudo que a mente humana pode imaginar em termos de extravagância, sem chegar ao exagero.
Hoje mostraremos as fotos de nosso roteiro por esses lugares paradisíacos. Até amanhã, pois temos “Barbecue in the desert with Belly Dance” (Churrasco no deserto com Dança do Ventre). Isto ajuda a esquecer as mágoas.
Ontem, quando viajavamos no lustrado e limpo metrô de Dubai, da Al Riga Station até Dubai Marina, conversamos muito com um egípcio que trabalha como guia e gosta muito de futebol. Retornava para casa, após ter jogado futebol com amigos. Comentei com ele: jogamos mal, e ele disse mas perderam 4 gols imperdíveis, e eles com só duas chances fizeram dois gols! Coisas do jogo.
Voltando ao que interessa mais, foi a avaliação de um estrangeiro, de nível diferenciado, de como corre a vida aqui, no que ele chama de “dreamland” (terra dos sonhos). Em primeiro lugar, ele citou o lado da segurança. Existem muitos lugares ainda seguros no mundo, mas sempre algumas zonas são perigosas. Aqui não existe lugar que possas correr o risco de assalto. Isto faz uma grande diferença. O viajante, carregado com suas compras, perambula por lugares ermos, conversando na maior tranquilidade. Comentava o simpático e bem articulado egípcio, que se algum estrangeiro comete alguma falta, em 24 horas, será expulso do país, com algemas. Pode ser um exagero? Até pode, mas o exemplo pode fazer muitos mal intencionados buscarem outras bandas para fazer suas estrepolias!
Convido alguns dos 10.000 colorados, que foram o melhor que aconteceu nos emirados, para contar se viram alguma pixação, lixo atirado no chão ou sofreram algum tipo de assédio que possa ter posto em risco sua viagem. Os filipinos, que são a mão-de-obra menos qualificada, nos atenderam sempre com um sorriso; os paquistaneses que monopolizaram os táxis, com seu péssimo e carregado inglês, são solícitos ao responderem por informações; os indianos, que são os encarregados de negociar jóias, principalmente ouro, são os mais educados, falam um excelente ingês e são excelentes seres humanos. O trabalhador que vier aqui aventurar, tem seguro de saúde, incluido tratamento dental, auxílio para compra de óculos, rancho e transporte. Com seus 2 milhões de habitantes e muitas obras, que num ritmo frenético, elevam arranha-céus, sobra e sobrarão empregos… Penso que o nosso simpático guia egípcio tem razão. É sim uma “dreamland”, principalmente, para os milhões de desempregados dos países do oriente próximo.
Segura, limpa e com uma arquitetura futurística de muito bom gosto, se transformará em um dos principais destinos mundiais do século 21. Estamos na melhor estação – inverno com agradável clima mediterrâneo (temperatura média de 20ºC seco). Empreendimentos estupendos, como o belíssimo Burj Al Arabian (imagem de uma vela ao vento), o marco mais emblemático da cidade; a torre mais alta do mundo, Burj Al Khalifa; a alegre e sofisticada Dubai Marina (lugar ideal para happy hour); antigos Souks com suas estreitas ruelas, um labirinto desordenado da autêntica forma de viver dos árabes; passeios nas tradicionais DWOHS às margens do Creek, observando a silhueta dos impressionantes arranha-céus da cidade.
Dubai é um cosmopolita caldeirão de etnias: Indus, Paquistaneses, Iranianos, Chineses, negociadores de ouro da África Oriental e russos caçadores de pechinchas.
Ontem à noite nos deliciamos com a saborosa comida paquistanesa e a hospitalidade peculiar dos orientais (pena que não pudemos acompanhar com uma cerveja bem gelada) após visita ao maior shopping do mundo – Dubai Mall, onde compartilhamos momentos agradáveis com o grupo e a direção do Mazembe Club, time do Congo, África Central. O melhor do dia: show de luzes da Dubai Fontaine, com silhueta ao fundo do Burj Al Khalif.
Finalmente, comento sobre a dificuldade que encontraram os torcedores colorados, que gostam de conversar nos bares, mas sempre acompanhados de uma bem gelada. “Sorry, here is Dubai”, responde o educado garçom filipino. Bebidas alcólicas somente em hotéis e lugares noturnos. Hoje, colocarei fotos variadas dos lugares que mais nos marcaram. À tarde, partiremos em 4x4, para um safari no deserto, com direito a barbucue e dança do ventre. Até Paris, depois de um excitante retorno no Airbus 380, o mais moderno jato da Emirates, onde desfrutarei da companhia de Claire e Gerard, meus queridos amigos franceses.