Chegamos a Windhoek, capital da Namíbia, via aérea, desde Johannesburgo. É o quarto país africano que visitamos em nossa viagem por esse continente ainda virgem. O calor é escaldante, mas seco, o que para nós da fronteira, não é nenhuma novidade. No aeroporto nos esperava alguém da Tenna Express que eu havia contratado via internet para nos levar ao Cardboard Box Backpachers, um simpático e cômodo hostel de mochileiros e aventureiros. O ambiente era muito agradável. Gente de todas as faixas etárias lendo seus livros de viagem ou fazendo suas anotações. Instalamo-nos num quarto com quatro camas, só para os dois. O banho era compartido. Cada quarto tinha o nome de um famoso hotel internacional. O nosso era o Waldorf Astoria. Achei uma idéia divertida.
A Namíbia tem uma das paisagens mais impressionantes do planeta, com cenários surreais que variam de planícies de cascalho e rochas a verdadeiros mares de areia com dunas gigantescas de cor vermelho-ocre.
No dia seguinte partiríamos ao amanhecer para nosso primeiro e mais importante destino no país – as Dunas Gigantes e avermelhadas de Sossusvlei -. Tentaríamos escalá-las e fotografá-las ao amanhecer. Consideradas das mais altas do mundo (algumas com mais de 300 metros), por si só visitá-las vale uma viagem à Namíbia. O espetáculo ocorre pela manhã, quando o nascer do sol sobre as dunas proporciona verdadeiro show de luzes, sombras e cores. Nossa aventura por essa terra inóspita e árida, mas de um povo afável, será em uma Toyota Landcrusier (as únicas capazes de agüentar o mau estado das estradas no interior da África), com direito a cozinheiro e acampamento básico em campings (internet, piscina e bar-restaurante). Nosso esqueleto já estava se acostumando a tanta judiação, e, como a Namíbia é um dos mais caros destinos africanos, essa era nossa única opção.
Depois de instalar-nos fomos bisbilhotar as comodidades de nosso Hostel. Uma sala de estar com enormes e fofos almofadões, mesa de bilhar, internet livre, uma pequena piscina e um caramanchão onde funcionava o bar.
Combinamos com Emanuel, que seria nosso chofer e cozinheiro, que partiríamos ao alvorecer. Nosso trajeto até o Camping de Solitaire demandaria quatro horas, das quais três horas sobre estrada de terra. Emanuel nos fez passar maus momentos: estouramos um pneu e tínhamos somente um reposto (viajando em estrada de pedras soltas – o que eles chamam de gravel; ficamos sem gasolina em pleno deserto, ainda bem que faltavam só sete quilômetros para o Camping, e, por último ele tinha o pé muito pesado: não baixava de 110 e 120k/h (altamente arriscado em estradas daquele tipo).
Chegamos à famosa Duna 45 quando o sol iniciava a colorir as gigantescas montanhas de areia de uma cor de ferruginosa devida ao efeito do oxigênio da atmosfera ao se combinar com o ferro.
Impressionei-me com a altura da duna que eu queria fotografar. Alguns, mais afoitos já estavam lá no alto e se viam como pequenas partículas ante a vastidão do cenário. Teríamos que subir pela espinha dorsal da duna. Era a forma mais segura, mas ficava pouca margem para erro. Iniciamos a subida e ao chegar mais ou menos a uns duzentos e oitenta metros de altura, achei que seria imprudência minha continuar. Estava firme de pernas e de fôlego, mas a vertigem me fez recuar e dei a câmara ao Benhur para que ele fotografasse lá do alto.
Ao retornar, após umas três horas fotografando e deleitando-nos com uma paisagem paradisíaca, degustamos nosso café debaixo de uma acácia, quase seca, e continuamos em direção do Vale da Morte.
Nesse exato momento estamos no bar do camping, ao lado da piscina e dentro de algumas horas o Emanuel organizará a mesa, cadeiras e preparará uma salada e massa com galinha.
Amanhã voltaremos para Windhoek, e pernoitaremos novamente no alegre e convidativo Cardboard Box Backpackers. Já havíamos deixado reservado, pois o Hostel é muito requisitado e pedi para que nos esperassem com uma lasanha que degustaríamos na beira da piscina com outros mochileiros. Nosso próximo destino é cruzar o Deserto de Kalajari, em direção ao coração da África, Botswana, Zâmbia e Zimbawe.
Até Botswana, Tchau